domingo, 8 de abril de 2012

AS CARTAS NO SÉCULO XVIII

FRANÇA

Na França, o efeito que os impostos produziram sobre as cartas foi a emigração dos fabricantes de cartas aos países vizinhos que os tentavam evitar. Sendo assim, no século XVII foram suprimidos os impostos para voltarem a ser introduzidos em 1701, após a expulsão dos hugonotes. Estabeleceram-se na França nove regiões (Paris, Borgonha, Lionesa, Auvernia, Delfinado, Provença, Languedoc, Guyena e Limosina) para a cobrança dos impostos sobre as cartas (seguindo a tradição administrativa francesa; assim haviam seis regiões para a cobrança dos impostos sobre o sal), e em cada uma destas regiões foi criado um modelo especial de cartas francesas, elaborado a partir do modelo geral. Os fabricantes de cada uma destas regiões foram convocados a fazer unicamente cartas segundo seu modelo regional. As nove regiões que impunham as regras naiperas (de fabricação da cartas) se mantiveram até que foram suprimidas pelos Estados Gerais revolucionários na década final do século XVIII. Nesta época o modelo de Paris se havia imposto sobre os outros e se converteu no estandarte do baralho francês. Entretanto, o imposto foi suprimido em 1719 e voltou-se a  introduzi-lo em 1751, para financiar a Real Escola Militar fundada por Luís XV. Em 1791, foi substituído por uma taxa alfandegária para os baralhos de importação.


ALEMANHA


No século XVIII e seguindo  sua própria  tradição, os fabricantes alemães continuaram fabricando baralhos com seus rebuscados desenhos, embora também tivessem começado a  elaborá-los com símbolos franceses para contrapor a importação dos baralhos franceses.
Por volta da metade daquele século, os fabricantes alemães começaram a fabricar os chamados tarôs animais, nos quais as cartas de trunfo tinham figuras estranhas de animais, muitos deles imaginários, que substituíram às figuras dos clássicos arcanos. Outro notável tarô é o musical de finais de século, fabricado por P.F. Ulrich de Munique, nos qual as figuras são personagens da ópera e os trunfos têm partituras de fragmentos de ópera no lugar de desenhos.
Assim mesmo, na Alemanha continuou-se com os baralhos educativos, entre os que se destacam um de astronomia, de 1719, e um bíblico cujos naipes estão representados por flores de quatro cores (amarelo, vermelho, azul e verde), que apareceram indicados num canto, enquanto que o índice aparece em outro, já que a cara da carta está ocupada pela representação de uma cena do Antigo Testamento e com um breve texto explicativo (umas quatro linhas).


INGLATERRA


Com a criação da Worshipful Company para  proteger os fabricantes ingleses da importação das cartas, o rei não quis ver perdidas as elevadas quantias que recebia pelos direitos de importação dos baralhos estrangeiros, e resolveu então estabelecer um imposto sobre a fabricação de cartas, que inicialmente foi de 2 chelines por grosa (doze dúzias) e passado um século já era de 2 chelines e 6 peniques por baralho. Para identificar os fabricantes e controlar o pagamento de seus impostos, estabeleceu0se que cada um deles devia incluir nos baralhos algum tipo de estampa própria. Este decreto supôs o início das marcas comerciais dos baralhos. Os mais importantes do século foram The Great Mogul, King Henry VII, Valiant Highlander e The Merry Andrew, cujas cartas eram conhecidas como moguls, harrys, highlanders e andrews, respectivamente. Posteriormente estabeleceu-se que uma das cartas (qualquer no início e, posteriormente, o ás de espadas) deveria levar o selo correspondente ao pagamento do imposto.
Em 1709 o parlamento proibiu o jogo. O projeto de lei inicial incluía a proibição do uso dos baralhos nos pubs, ainda que a pressão da Worshipful Company conseguiu eliminar esta  proibição.
Na tradição dos baralhos educativos e históricos, a partir de 1770, apareceram os baralhos Bubble, com ilustrações cujos personagens falavam por meio de balões similares aos das histórias em quadrinhos atuais.


NOVA INGLATERRA


Enquanto na Espanha se estabelecia a fábrica de Macharaviaya para prover de cartas o México e a América do Sul, as indústrias de cartas expandiram-se pela América do Norte. Jazaniah Ford (nascido em 1757) foi o primeiro fabricante de cartas nascido nas colônias que mais tarde se converteram no atual Estados Unidos. Outro fabricante norte-americano, Amos Whitney, ofereceu por volta de 1799 columbias, harrys e andrews. Columbias era o nome americano das moguls inglesas. Também são conhecidos pelos anúncios na imprensa, já que não se conservaram seus baralhos, Ryves e Ashmead, fabricantes de cartas super finas (de acordo com seu anúncio), e James Y. Humphries, que além das suas cartas americanas também vendia baralhos ingleses. Durante muito tempo, venderam-se na América do Norte baralhos "ingleses" que não haviam cruzado o Atlântico, mas respondiam à demanda do público; muitos desses baralhos eram simplesmente baralhos americanos com a palavra London escrita nas cartas.





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